Táxi é uma
palavra praticamente universal. Em quase todos os idiomas significa a mesma
coisa: um carro com motorista, pago de acordo com o tempo de uso e o trajeto
percorrido. Mas em algumas cidades quem precisa de transporte tem usado uma
nova palavra: Uber. Para milhões de passageiros que usam o serviço diariamente,
o Uber representa o futuro do transporte nas grandes cidades.
A história
Apesar de
ter sido criada em pleno Vale do Silício, a história de uma das empresas mais
controversas do mundo começou no ano de 2008 em uma noite fria e com nevasca na
cidade de Paris. Travis Kalanick, que acabara de vender por US$ 20 milhões o
RedSwoosh, um serviço de compartilhamento de arquivos online, participava de um
evento de tecnologia e empreendedorismo na cidade. Como não conseguiam
encontrar um táxi, ele e um amigo, Garrett Camp (que também havia ficado
milionário ao vender o site de busca StumbleUpon para o gigante de varejo
online eBay por US$ 75 milhões), imaginaram um serviço com o qual era possível
chamar um carro com motorista particular com apenas um toque na tela do
celular, para que potenciais clientes se deslocassem de forma mais confortável
e segura.
De volta à cidade de San Francisco, eles
amadureceram e aprimoraram a ideia. No mês de março de 2009 a dupla fundou a
empresa, inicialmente chamada de “UberCab”. O aplicativo, que informava a localização do
passageiro por meio do GPS do smartphone e estava disponível para iPhones e
celulares com Android, foi lançado oficialmente em junho do ano seguinte. O
plano inicial era oferecer carros executivos, como por exemplo, Mercedes-Benz
S550 e Cadillac Escalade. O serviço seria semelhante a um táxi de luxo. A
questão era como convencer os motoristas que já ofereciam esse serviço (em
geral, em parceria com hotéis) a adotar o novo aplicativo. Era verão de 2010.
Aí entram em cena os brasileiros. Apesar de não existirem estatísticas
oficiais, há um contingente considerável de motoristas executivos e taxistas
brasileiros em San Francisco. Essa rede de contatos da comunidade brasileira
foi essencial para a decolagem da nova empresa — do lado dos motoristas.
Do lado dos passageiros, um impulso
importante veio quando a secretaria de transportes de San Francisco implicou
com o nome da empresa e com o serviço. A confusão colocou a empresa nos
holofotes da imprensa e no radar dos fundos de capital de risco, marcando assim
o início do sucesso do Uber em território americano. Polêmicas, controvérsias,
brigas: eis a tônica da história da empresa desde o início. Nesta época, a
corrida chegava a custar cinco vezes o valor cobrado por um táxi. Nada que
afastasse o público-alvo naquele momento: empresários e investidores
endinheirados do Vale do Silício. O sucesso inicial podia também ser explicado
pela praticidade do serviço. Abrir um aplicativo, chamar um carro, fazer a
corrida confortavelmente e não precisar tirar a carteira do bolso para pagar (o
pagamento era realizado por meios digitais). Essa era uma das mágicas do Uber.
O Uber
recebeu seu primeiro financiamento de risco no final deste ano a partir de um
grupo de investidores, que incluiu Chris Sacca, um dos primeiros a acreditar
(com dinheiro, é claro) no Twitter. No início de 2011, arrecadou mais de US$
11.5 milhões. Com isso, a empresa expandiu seu serviço para a cidade de Nova
York, e o sucesso não aconteceu sem alguns obstáculos. Como não poderia deixar
de ser, a organização que coordena táxis e limusines na cidade não gostou da
concorrência, e conseguiu fechar 5 das 6 bases do Uber. Considerando que o Uber
se organiza principalmente usando plataformas digitais, a medida não adiantou
de nada, e o serviço continuou em pleno funcionamento. Pouco depois, o serviço
foi introduzido em grandes cidades americanas como Seattle, Chicago, Boston e
na capital Washington. Paris foi a primeira cidade fora os Estados Unidos a
receber o serviço em dezembro de 2011, antes da “LeWeb”, uma conferência
internacional de internet e período onde a procura por táxis era enorme.
Em 2012, a
empresa criou o UberX, opção que permitia a qualquer proprietário
de veículo virar motorista. E foi justamente a partir deste momento que os
problemas realmente começaram. Isto porque, por ser uma tecnologia disruptiva,
como são chamadas as inovações com potencial para criar e destruir mercados, o
Uber esbarrava constantemente em questões legais. Ao usar o GPS de um smartphone
para localizar um veículo próximo ao usuário com apenas um toque na tela, o
Uber assumia o papel das centrais de radio táxi. A cada nova cidade em que
desembarcava, causava levantes de taxistas, prefeituras e órgãos oficiais
contra o serviço. Para tentar se defender, cooperativas de diversas cidades
recorreram a liminares que proibiam o uso do aplicativo. E a empresa recorria a
uma equipe de lobistas e advogados que contestavam a legislações em vigor,
incluindo David Plouffe, coordenador das duas campanhas que elegeram o
presidente americano Barack Obama, para lidar com o embate legal que a empresa
enfrentaria. Além disso, diante de toda essa resistência, a empresa adotou uma
postura incisiva. Acusa as cooperativas de táxi de atuarem como cartel e reagem
agressivamente nos lugares onde são proibidos (na Alemanha, após o aplicativo
ser banido a empresa lançou uma promoção que oferecia desconto de 30% nas
corridas) e afirma ser uma empresa de tecnologia e não de transporte. Mesmo
assim, a empresa seguiu em frente. A entrada do Uber no mercado canadense
ocorreu em março de 2012, quando o lançamento oficial foi realizado na cidade
de Toronto.
Após ser lançado em Londres, no mês de julho, depois de um período de
teste de seis semanas, o Uber foi introduzido oficialmente em Sydney, na
Austrália, em novembro deste mesmo ano. Ainda em 2012, iniciou testes para
incluir a requisição de táxis convencionais através do aplicativo na cidade de
Chicago. Além disso, passou a oferecer táxi aéreo por helicóptero entre as
cidades de Nova York e Hamptons por US$ 3.000, serviço que foi batizado de UberChopper. Alheio a centenas de protestos promovidos por motoristas de
táxis, a expansão internacional se intensificou. Das 70 cidades em que a
empresa estava presente, 40 foram incorporadas em 2013, como por exemplo, Seul.
Na América do Sul, o serviço chegou a três cidades: Bogotá e Cali, na Colômbia,
e Santiago, no Chile. Ainda em 2013, a empresa iniciou a experimentação de
novos serviços, como por exemplo, uma versão do aplicativo que permitia que os
usuários chamassem carrinhos de sorvete pelo celular. Já no Brasil, o Uber
chegou no dia 15 de maio de 2014, quando começou a oferecer seus serviços na
cidade do Rio de Janeiro. Pouco depois desembarcou em São Paulo. Uma curiosidade:
a corrida “número zero” na capital paulista foi solicitada pela modelo
brasileira Alessandra Ambrósio, no bairro dos Jardins, zona sul, com destino ao
Consulado Britânico, em Pinheiros. E também enfrentou protestos dos taxistas. A
verdade é que o Uber não oferece serviços de táxi, muito menos de transporte
clandestino e não autorizado de passageiros. Oferece um serviço ainda não
regulado pelo ordenamento jurídico brasileiro. E o fato deste não estar
regulado não significa que este é ilícito. Ainda neste ano a empresa iniciou
testes para disponibilizar novos serviços, como por exemplo, a entrega de
comida, batizada de UberFresh, na cidade californiana de Santa Monica; UberPool, versão do seu serviço que permite a passageiros dividir uma
corrida para destinos próximos; e UberRush, um serviço de entrega rápida de pacotes,
encomendas e documentos por toda Manhattan.
A escolha e avaliação dos motoristas parceiros também já foi
motivo de discórdia. Como a empresa não possui nenhum carro ou sequer motorista
contratado, trabalha com parceiros cadastrados no serviço. Mas não é qualquer
um que será aceito. Os candidatos precisam ter uma carteira de habilitação
especial, atestado de antecedentes criminais, ser proprietário de um veículo
dos modelos pré-estabelecido, possuir seguro para uso comercial do carro e
passar por horas de entrevistas até serem aceitos. Além disso, aprendem
práticas de direção segura e boas maneiras, como por exemplo, a abrir e fechar
as portas para os passageiros, perguntar se o som ou o ar-condicionado
incomodam, não falar demais e manter o carro sempre limpo. E o processo não
acaba aí. Os motoristas são avaliados pelos passageiros – e vice-versa. Só
continuam com a parceria aqueles que alcançarem uma avaliação superior a 4,6
estrelas, em uma medição de 0 a 5. No Brasil, a média dos motoristas é 4,85
estrelas. Cada motorista (chamado pela empresa de colaborador) é remunerado com
80% do valor pago pela corrida. O Uber, por sua vez, fica com 20% da taxa.
Hoje em
dia a empresa oferece basicamente dois tipos de serviços: UberBlack,
que oferece carros luxuosos e na cor preta (o único disponível no Brasil, por
enquanto, com veículos como Toyota Corolla, Ford Fusion, Volkswagen Jetta e
Honda Civic) com motoristas, vestidos socialmente e geralmente em tempo
integral, e até garrafas de água gelada a disposição; e o UberX, que
oferece carros mais simples e tem preços competitivos com os dos táxis, cujos
motoristas costumam ser pessoas que usam a plataforma para complementar sua
renda trabalhando apenas algumas horas por semana. E foi justamente este último
serviço, que devido às tarifas mais baixas, tornou o Uber extremamente
competitivo, com serviços de táxi tradicional, ampliando seu apelo a uma
parcela maior do mercado.
Apesar de
inúmeras controvérsias, o Uber faz enorme sucesso em vários países ao redor do
mundo. Por exemplo, na cidade de San Francisco, onde o aplicativo começou, o
número de corridas despencou em 64% nos táxis tradicionais ao longo de dois
anos. Um claro efeito Uber. Mesmo em países onde encontra problemas legais,
como por exemplo, na Espanha, onde uma liminar bloqueou a operação da startup, a
empresa utilizou a criatividade para continuar operando ao lançar o UberEATS,
um delivery de comida. E tanto sucesso atraiu investidores do peso de Shawn
Fanning (ex-Napster), Jeff Bezos (fundador da Amazon) e Google Ventures, braço
de investimentos da gigante de internet. Hoje em dia, o Uber é avaliado em US$
50 bilhões. E para continuar crescendo, a empresa não deve se afastar tão cedo
das polêmicas. Afinal, Facebook e Google já compraram muitas brigas por causa
de suas políticas de privacidade. Empresas como Amazon e Apple já foram
processadas por práticas anticompetitivas pelas autoridades de defesa do
direito econômico. O Uber testa os limites da legislação que regulamenta os
serviços de transporte. E por enquanto, vai conseguindo crescer.
A evolução visual
A
identidade visual da marca passou apenas por uma grande remodelação em sua
história. Isto aconteceu no final de 2011, quando o logotipo adotou uma nova
tipografia de letra, mais afinada e moderna, e remodelou o tradicional símbolo
do U. O logotipo pode ser aplicado também utilizando somente o nome da empresa.
Os slogans
Everyone’s Private Driver.
Seu motorista particular. (Brasil)
Dados corporativos
● Origem: Estados
Unidos
●
Fundação: 2009
●
Fundador: Travis Kalanick e Garett Camp
● Sede
mundial: San Francisco, Califórnia, Estados Unidos
●
Proprietário da marca: Uber Technologies, Inc.
● Capital
aberto: Não
●
Chairman: Garett Camp
● CEO: Travis
Kalanick
●
Faturamento: Não divulgado
● Lucro: Não
divulgado
● Presença
global: 58 países
● Presença
no Brasil: Sim
●
Funcionários: 1.000
●
Segmento: Tecnologia
●
Principais produtos: Aplicativo de carona remunerada
●
Concorrentes diretos: Lyft, Sidecar, Haxi, Zaznu, 99Taxis e Easy Taxi
● Slogan: Everyone’s Private
Driver.
● Website: www.uber.com/pt/
A marca no mundo
O Uber (se
pronuncia “úber”), empresa de tecnologia mais popular da atualidade
e que causa controvérsias por onde quer que passe, já está presente em 58
países e mais de 310 cidades, quatro no Brasil (Rio de Janeiro, São Paulo,
Brasília e Belo Horizonte), conta com estimados 1 milhão de motoristas,
levantou US$ 5.9 bilhões de investidores de risco e é avaliada em
aproximadamente US$ 50 bilhões. Diariamente, mais de 1 milhão de passageiros
utilizam o serviço.
Você sabia?
● Em março de 2015, segundo o jornal New York Post, já existiam mais
carros do Uber na cidade do que táxis. Eram 14.088 motoristas do Uber contra
13.587 taxistas.
● Desde seu lançamento, inúmeras companhias adotaram esse modelo de
negócio, uma tendência batizada de “Uberification”. Um de seus
principais concorrentes é o aplicativo Lyft, cujos carros são identificados com
um enorme bigode cor-de-rosa pendurado no para-choque.
● O aplicativo não exibe o número de celular nem do passageiro nem
do motorista. Isso garante a privacidade de ambos e evita abordagens
inconvenientes depois de prestado o serviço.
● O Uber foi um dos pioneiros no conceito de E-hailing,
ato de se requisitar um táxi através de um dispositivo eletrônico, geralmente
um celular ou smartphone, substituindo métodos tradicionais como ligações
telefônicas ou simplesmente esperar ou ir à busca de um veículo na rua.
As fontes: as informações foram retiradas e
compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune,
Forbes, Newsweek, BusinessWeek, Isto é Dinheiro e Exame), jornais (Valor
Econômico), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e
Interbrand) e Wikipedia (informações devidamente checadas).
Última atualização em 3/7/2015
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